Quando Beto encontrou a moeda, numa passagem subterrânea e secreta, no Solar dos Câmara, sua vida mudou para sempre.
Bem, isso é o que ele e quase todos os leitores pensam. Tá, tá certo. Há um pouco de verdade nisso. Mas, eu sei que a vida dele começou a mudar antes da moeda.
Foi num sábado à tarde, no mês de fevereiro, há mais de três anos. Beto, filho único de D. Marina e Seu Ângelo, veio de mudança para Porto Alegre. O pai dele é gerente de banco e tinha acabado de ser transferido para uma das muitas agências do Banco do Brasil que existem na capital gaúcha. Bem, foi naquela tarde, quando havia acabado de chegar à casa nova, que ele conheceu Fê. Ela tinha nove anos e ele dez.
No começo foi complicado. Mesmo com todo o esforço que Dona Vânia, mãe da guria, fazia para promover a amizade entre eles, Fernanda não queria saber de conversa. “Guri é guri!”, dizia ela para a mãe. E depois ela queria uma nova amiga para brincar e quem sabe, contar segredos. Alguém que pudesse ser tão amiga quanto Bibi, sua melhor amiga que tinha acabado de se mudar para outro bairro de Porto Alegre. Beto veio morar justamente na casa que era dela.
E fazia só 15 minutos que havia chegado de Minas quando Beto viu Fê pela primeira vez. Foi naquele instante que a vida dele mudou para sempre... e a dela também. Porém, eles ainda não sabiam disso.
A moeda uniu os dois. Deu muitos motivos para que eles buscassem as respostas para toda a curiosidade que tinham. E durante essa busca Beto e Fê já tinham se metido em cada coisa. Túneis perdidos, fantasmas de escravos e até viajar no tempo.
Beto e Fê, nessa história que eu vou contar, estão um pouco maiores. Adolesceram. Porém Beto continua com seu faro e pensamento de detetive. O mesmo guri que sempre gostou de museus e de tudo que possa estar escondido nas entrelinhas da história. Já Fê... bem ela não é detetive, mas ainda adora uma aventura. Ah, e gostam também de ficar perto um do outro. Mas não contam para ninguém!!!
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Esta história começa exatamente às quatro horas da tarde. Beto estava montado na bicicleta, na calçada da frente da casa dele. Nada para fazer. O tédio daquele feriado fazia com que ficasse empurrando a bike para trás e para frente... sem notar. Pensava em Fernanda. Ela tinha ido ao shopping com Bel e Sarah. Programa de menina. Antônio, seu melhor amigo, tinha viajado com a mãe para Pelotas e Toshio, seu segundo melhor amigo estava com catapora. Era melhor ficar bem longe da casa dele! Sexta-feira santa e sem nada para fazer.
O relógio dele fez bipbip e ele viu as horas: 4:00. Hora do lanche! Quem sabe um saco de pipoca de micro (chocolate!!!) e computador. Isso! E já estava dando o impulso com o pé esquerdo para sair pedalando quando viu uma pick-up prateada vindo pela rua. Tudo bem se ela não viesse quase parando, como se estivesse procurando um endereço. E estava.
Rodrigo e Duda estavam chegando naquele instante da região das Missões. Ela nunca tinha vindo a Porto Alegre. Ele já tinha morado na cidade, mas não sabia onde ficava o endereço do Seu Luiz, pai de Fernanda. Seguindo o mapa, dobrou a esquina procurando o nome da rua, mas é claro que não achou nenhuma placa! Então viu de longe um guri numa bicicleta e resolveu vir até ele.
